A ansiedade é, hoje em dia, uma das queixas emocionais mais comuns nas clínicas de terapias naturais. Vivemos num ritmo acelerado, sob pressões constantes, e muitas vezes sem tempo para olhar para dentro. Nesta perspetiva, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) oferece um caminho diferente — mais profundo, mais conectado com os ritmos da natureza e com as emoções do corpo.
O que é ansiedade para a MTC?
Na visão da MTC, a ansiedade não é apenas um problema da mente. Ela é vista como um desequilíbrio energético, uma desarmonia entre os órgãos internos, as emoções e o fluxo de energia vital, conhecida como Qi.
Enquanto no ocidente a ansiedade é geralmente tratada como um distúrbio psicológico, na MTC ela está frequentemente associada a órgãos específicos, especialmente o Coração e o Baço, mas também pode envolver os Pulmões, o Fígado e os Rins.
O Coração e o Shen: a morada do espírito
Na MTC, o Coração não é apenas um órgão físico: ele é considerado a morada do Shen, que pode ser traduzido como “espírito” ou “consciência”. Quando o Coração está equilibrado, o Shen expressa-se de forma clara — temos foco, calma, sono tranquilo e estabilidade emocional.
Mas quando o Qi do Coração está fraco, ou o Fogo do Coração está em excesso (por exemplo, devido a stress, má alimentação ou emoções reprimidas), o Shen fica agitado. É aí que surgem sintomas como insónia, inquietação, pensamento acelerado, angústia e medo sem causa aparente.
O Baço e o excesso de ruminação
O Baço é o responsável por transformar os alimentos em energia e também por nutrir o pensamento claro. Quando ele está em desequilíbrio, especialmente por excesso de preocupações ou alimentação irregular, surge o padrão da ruminação mental — pensar demais, preocupar-se constantemente e sentir o corpo cansado mesmo sem esforço físico.
Esse padrão é muito comum em quadros de ansiedade crónica, onde a mente não consegue “desligar”.
O Fígado e a estagnação emocional
O Fígado, por sua vez, é o responsável por manter o livre fluxo do Qi. Quando estamos sob pressão emocional ou reprimimos os nossos sentimentos, o Qi do Fígado pode ficar estagnado, causando sintomas como tensão, irritabilidade, angústia no peito e crises de ansiedade.
Nas mulheres, isso também pode manifestar-se junto a desequilíbrios menstruais, outro dos reflexos do Fígado na MTC.
Os Pulmões e o luto: quando a respiração é afetada
Os Pulmões estão associados ao ritmo da respiração e à capacidade de “deixar ir”. Em situações de perda ou tristeza profunda, o Qi do Pulmão pode enfraquecer, levando a dificuldade respiratória, sensação de aperto no peito e ansiedade associada à insegurança ou medo de mudanças.
Como a MTC trata a ansiedade?
O tratamento da ansiedade pela MTC é sempre individualizado. O terapeuta observa os sintomas físicos, emocionais e energéticos para identificar o padrão de desequilíbrio.
Entre os recursos terapêuticos mais comuns, estão:
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Acupuntura: para harmonizar os meridianos energéticos e acalmar o Shen;
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Fitoterapia chinesa: uso de fórmulas naturais para tonificar ou acalmar os órgãos afetados;
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Dietoterapia: ajustes na alimentação para fortalecer o Baço e o Coração;
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Técnicas de respiração, Qi Gong e meditação: para restaurar o fluxo do Qi e equilibrar as emoções.
Um convite à escuta interior
A ansiedade, segundo a MTC, é muitas vezes um sinal do corpo a pedir equilíbrio. Ela não deve ser combatida como uma inimiga, mas compreendida como uma mensageira. Quando a escutamos com atenção e usamos os recursos naturais para promover o reequilíbrio, podemos reencontrar um estado de presença, calma e vitalidade.
Se sente que a sua ansiedade está a pedir um novo olhar — mais gentil, mais natural —, estamos aqui para caminhar consigo.
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